sexta-feira, 15 de outubro de 2010

SHOWS








parece nostalgia...

más é so tristeza...


Aconteceu no último dia 11 de outubro, segunda-feira, o Tributo a Legião Urbana. Como já foi citado neste blog, a festa existe há 11 anos e foi criada por um grupo de jovens da cidade, fãs da banda e do cantor Renato Russo, que resolveram promover, na data de seu falecimento, uma festa regada a composições do Legião Urbana, como forma de homenagear o ídolo. A edição deste ano, realizada no Efó Drinks, foi produzida pelo artista ipiauense Tito da Cruz e contou com o apoio de diversos músicos e empresas da cidade.

Desde que cheguei à cidade de Ipiaú, ano 2000, com 14 anos de idade, sempre ouvi falar nesse Tributo. Tenho o maior orgulho em dizer que presenciei várias edições da festa e admiro muito o trabalho que foi feito durante todos estes anos. Festas tranqüilas, banda formada em sua maioria por músicos competentes e músicas bem executadas. Eu, que tive a adolescência nos anos 2000, sempre invejei os jovens que tiveram acesso aos shows verdadeiros do Legião Urbana, nos anos 80 e 90. Mas no Tributo a Legião de Ipiaú eu podia me sentir mais próxima da magia dessa geração e, por isso, sempre fiz questão de estar presente.

Entre trancos e barrancos, a festa já não é mais a mesma. Lógico, 11 anos se passaram e a geração mudou. Mas sempre fico impressionada como ainda existe um público fiel. A festa ocorrida no último dia 11 foi um exemplo disso. Apesar da execução visivelmente improvisada das músicas, o público manteve a animação, ajudou cantando as letras e tudo foi ocorrendo muito bem, até que uma briga no recinto levou a festa ao seu fim. Sei que brigas em shows acontecem todos os dias, em todos os lugares do mundo. Não estou aqui pra julgar isso. Mas pra mim, a cena que presenciei ilustrou um dos piores problemas que a cidade enfrenta atualmente. VIOLÊNCIA, meu povo! Brigas em bares são coisas corriqueiras, eu sei. Mas esse episódio me fez perceber que Ipiaú já não é mais a mesma cidade tranqüila em que vivi na adolescência. Apesar do aumento da população, a cidade está cada vez mais vazia. Não vejo mais jovens na Praça Ruy Barbosa, tocando violão e bebendo vinho barato, como eu fazia há alguns anos atrás. Não podemos mais sair de nossas casas e contar com um lugar seguro para nos distrair. A população anda amedrontada, insegura, à flor da pele. Devemos ter medo dos marginais, dos policiais, do cachorro que atravessa a rua e até mesmo do filho do vizinho que você viu crescer.

Estive fora por 4 anos, e as notícias que chegavam a mim era de que Ipiaú estava em desenvolvimento. Para mim não faz sentido a população perder sua paz e liberdade em nome de um desenvolvimento fantasma. Desenvolvimento? Cadê? “Será só imaginação?”. Eu, sinceramente, lamento muito pelos jovens que vivem em Ipiaú hoje. Lamento que eles não possam desfrutar de cada canto da cidade como eu desfrutei. Lamento pelas famílias que agora, mais do que nunca, preferem optar por passar seus domingos em casa, em nome da própria segurança. E torço, de verdade, para que um dia isso mude, pois como diria Renato Russo: “tudo passa, tudo passará....e nossa história não estará pelo avesso assim, sem final feliz, teremos coisas bonitas pra contar...”. Espero que ele esteja certo.


Texto: Laísa Eça

5 comentários:

  1. "Há tempos são os jovens que adoecem". Infelizmente, hoje, esses jovens, uma boa parte, estão em fase terminal. Mas, ainda é possível celebrar a vida, o amor, a música e o bom som. ASTA LA VITORIA e que LEGIÃO URBANA possa continuar a mostrar o retrato de toda uma geração. Sem dúvida, eles foram o espelho e a voz de muitos.

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  2. Belo texto Lái!
    De fato, Ipiaú já não é mais a mesma. Tudo está em constante mudança, mas a velha Ipiaú q vc descreveu - nem tão velha assim, pois não quero me sentir tão idoso, apesar de estar cada dia mais "entrevado(rss) - , já não existe mais(só não precisa ter medo dos policiais...rs). Mas, mesmo com todos os problemas, tem coisas boas que continuam acontecendo, como o tributo a Legião.
    Saudades da minha terra!!!!
    Parabéns mais uma vez pelo texto, e parabéns a Robertinho também pelo Blog - vida longa e sucesso a esse espaço!

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  3. Primeiramente, n posso deixar de dizer: LEGIÃO URBANA RULEZ!!!! réeeee o//
    Tributos a Legião sempre são uma delícia, dupla satisfação pra mim pq é minha banda favorita, mimimi (vc sai da adolescência, mas a adolescência não sai de você). Já ouvi altas lendas sobre este tributo em especial aí em Ipiaú City (uhu ipiaú), mas nunca tive o prazer de conferir de perto mesmo... =/
    Pois é, uma pena que as coisas estejam muito mais pra "os assassinos estão livres" e "os meus amigos todos estão procurando emprego" do que para "meu deus! mas que cidade linda!" e "tem uma festa legal e a gente quer se divertir!"... Mazenfim. Ficar nessa vibe old school, lamentando em cima do tricô, não tem graça nenhuma. Vamos encher a cara, ouvir Renato botar pra fuder e servir de exemplo, pans. Exemplos divertidos e decadentes, whatever, mas não tivemos os nossos? xD

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  4. Acho interessante a intenção da manutenção do tributo a legião, algo que evidencie uma cultura um pouco mais "standard" aqui em ipiaú, mesmo aos trancos e barrancos valorizo os esforços, mas não podemos negar que a falta de opção faz com que o público não seja tão selecionado, resultando em violencia de quem tá ali numa energia totalmente diferente da proposta do evento, mas, fazer oq, botar um pouco de esperança no que nos resta...

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  5. O tributo perdeu a essência, me lembro que quando começou, era uma coisa bem ingênua e os caras estavam lá pra tocar as músicas da Legião por puro amor ao som da banda. Com o tempo, o projeto foi ganhando mais visibilidade, mais público, e com isso cresceram os olhos dos gananciosos. Hoje a festa ta dividida, esse ano por exemplo houve uma na firenze e uma no Efó, fui na da Firenze por acreditar que Giva é o idealizador do projeto e o único com que a voz se assemelha a voz do Renato Russo. Não fui na do Efó, por achar que a Legião não é uma modinha, “eba, ta na época vamo cantar legião”, não é assim, ser Legionário é ter um gosto musical aflorado, ter atitudes que só um legionário de verdade sabe quais são, nem sei quem cantou no Efó, mas sei que foi uma baita galera, parabéns a todos que tocaram, mas eu mesmo, Juliano, não curto essa mistura de sons e estilos dentro de uma banda tão visceral quanto a Legião. Pena que lá tenha terminado em pancadaria, isso nunca é bom. No som do firenze faltou uma banda, realmente não sou fan de voz e violão, gosto de guitarra, bateria e como diria Renato, tudo isso “Ouça no volume máximo”. No mais espero que o projeto não morra, e que as músicas da Legião possa sempre de alguma forma contribuir pra mudar a cabeça da galera, como modificou a minha e a de muita gente de minha geração (e que continue modificando, porque a banda que vende mais CDs hoje em dia vocês sabem quem é??? ISSO LEGIÃO URBANA!), abraços a todos,
    Juliano Ramos Santos
    julianoramos2@hotmail.com

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